terça-feira, 20 de novembro de 2007

Depois de duas semanas...

Depois de bastante tempo sem ver e ler meus amigos do Hipóbole, cá eu estou eu. Por motivos que vcs já sabem...provas de pré-vestibulares, provas do colégio e do técnico e trabalhos. Coisas que nos fazem deixar de viver para vegetar. Mas como eu disse a Luiza, luto bravamente pra não ser inundada na tal "responsabilidade". Deixo a vcs um texto que já estava pra ser feito há um bom tempo...saiu de um "ir à padaria ao domingo com minha mãe". E claro, peço permissão ao Kendo para postar em seu dia...Mas acho q ele não vai se importar tanto. Enfim...sem mais delongas, deixo o meu texto.
E o vida longa ao hipóbole!

Uma conversa a um...

Ele está sempre lá. Todos os domingos, religiosamente com sua bolsa cinza, ás 2 da tarde ele chega e senta no banquinho da praça. Parece calmo, mas entretido, viaja num pensamento profundo, que quem passa nem imagina os seus motivos.
Solidão a dois...Solidão a um...Solidão a si...Ele fica diante de uma árvore e o vento leve parece embalá-lo. Nesse momento qualquer tipo de cumplicidade é válido. Qualquer “respirar” do mundo já faz um domingo de alguém que como ele, se isola pra poder ouvir a si mesmo.
Um domingo de um estranho. De alguém que não conheço, mas está como se alguém o convidasse a conversar na pracinha perto de minha casa. Nada demais lá, além de bancos, mesinhas para jogadores de damas ou xadrez, algumas pedras no chão, as quais não podemos deixar de pisar até chegar de fato á praça. A praça é sem nome. Mas pra que nome, quando cada ser que existe nela já lhe dá o próprio sentido?Formigas, pássaros, borboletas, as árvores, gatos e ele.
Crianças brincam de vez em quando lá. São poucas as vezes que vejo uma. Geralmente estão com sua mãe (e claro) não desgrudam do balanço. Outras, com mais senso de peraltice, se aventuram na areia e nas pedras. Fazem casinhas e usam as pedras como personagens. Já terceiras preferem lidar com aquilo que é mais próximo a si, não abrem mão da vida dos outros. Correm atrás de borboletas e deixam formigas desordenadas com apenas um palitinho de sorvete. Pobres formigas!
Ele observa. Vai absorvendo tudo. Quem sabe o que fará quando chegar em casa? Terá uma mulher que o afague e lhe diga que o lanche das cinco está pronto? Ou um cão que o umedeça de carinho? Ou sentará em frente à televisão desligada e ficará a pensar? Pode ser que talvez não tenha móveis, eletrodomésticos e que o domingo na praça seja o seu cinema, sua novela, seu teatro ou sua música de Jobim. Quem sabe?...