quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Possíveis explicações para a pós-vida

A pergunta é: O que será que acontece depois da morte? Todos a fazem, seja um pedreiro, seja um filósofo. Eu, particularmente, a faço antes de dormir, dedico uma boa parte daquele precioso tempo pensando no que vai me acontecer, mas esquecer de pensar em coisas que podem me acontecer em vida e que não vem ao caso agora...
Bom, depois de várias noites, três caminhos surgiram para mim. O primeiro me levou até o paraíso de alguma religião, qualquer religião, a idéia era de um lugar "perfeito", um vasto campo, com muitas árvores e pessoas de branco que caminhavam. Acho que fiquei com essa imagem formada na cabeça depois de ver uma novela da Globo, mas o que, na verdade, importa é que naquele lugar não existiam banheiros e as pessoas simplesmente andavam, por toda a eternidade, enquanto ouviam uma voz do alto, supostamente de Deus, que dizia coisas bonitas. Resumindo, um caminho direto para o tédio, sem vídeo-games, futebol ou comidas gordurosas, um mundo onde as angiospermas também reinavam.
Sem pensar muito, fui na direção do segundo caminho, quando me dei conto do que se tratava, tive uma grande a surpresa: Era o próprio vazio, o nada. Lá as pessoas simplesmente deixavam de existir, não lembrariam de tudo o que fizeram enquanto estavam na Terra, não lembrariam dos amores, nem das guerras, nem das aulas de química. Coloquei-me a pensar e vi que aquela situação não era nada justa, seriam anos jogados no lixo, e olha que eu até aceitaria esquecer os amores e muito mais as guerras, mas as aulas de química... Não perdi um ano inteiro para decorar que o anôdo é negativo na pilha e positivo na eletrólise à toa, não mesmo.
Foi aí então que corri para o terceiro caminho, esse parecia ser o mais o real e cruel ao mesmo tempo, nele descobri que a vida não passava de um grande Big Brother alienígena, fiquei envergonhado ao saber que todas as coisas que tinha feito só por achar que estava sozinho tinham sido observadas por alienígenas de todas as galáxias. Fiquei sabendo também que eu era só mais um robô e que logo, logo, seria encaminhado para aquele segundo caminho, o do vazio. Senti-me como Jim Carrey se sentiria se não recebesse um bom cachê por "O Show de Truman".
Agora percebo que estou vivo e que todos essas possíveis explicações para a pós-vida não passam de hipóteses, e mesmo que alguma delas seja a certa, todas me assustam. Não consigo imaginar o fim, nem a eternidade, nem o antes, nem o depois da vida. Dizem por aí que " A curiosidade matou o gato" e eu posso dizer que continuarei curioso para saber o que acontece com o pobre do gato.
Felipe Areias (do Blog Manifesto Metalúrgico)