quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Duelo Literário

A uns dias atrás, travei uma disputa com o núcleo modernista-babaca do blog, ao discutir sobre o parnasianismo. Como qualquer modernista de 1ª geração, cuspiu no parnasianismo de forma inaceitável, pelo menos a meu ver. Malditos pseudo-pensadores que redupiam tudo que veio antes, sem reconhecer seu mérito e sua importância. A partir daí, formou-se uma paz armada: métrica ou verso livre? Rimas ou versos brancos? Cotidiano ou arte sobre a arte?
Obviamente, não pude deixar o humor de lado e acabei exagerando um pouco, falando que a inveja que ele sentia de parnasianos e neo-parnasianos era fruto de falta de mulher (opa, acho que isso me deixa em uma situação complicada...) e que por isso deveria se utilizar de insultos para se sentir superior – esse sentimento é devastador e não leva a nada, passe logo para a 2ª geração, meu caro.
Decidimos isso com um desafio para cada um: desafiei-o a utilizar o formato de soneto, métrica e rimas, com temática livre; e obviamente, recebi em troca o mesmo desafio, só que invertido – tema parnasiano e versos livres. Dia seguinte, encontro-o com um belo sorriso sarcástico estampado, e me contas sua idéia. Frente à colocação, eis minha resposta (que obteve ajuda do Kendo, obrigada, menino!):
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Minutos Modernosos

A Alberto de Oliveira

Sento na mesa, pena na mão
Idéias vem, idéias vão
Nenhuma fixa no papel
Desisto
Esse negócio de escrever é mais difícil que parece

Associação Livre

Verde, vermelho, óculos
Olho, inveja, perversidade, desvio
Bifurcação, sinal, hieróglifo

Pirâmides, escravos, 1888, ouro
Inconfidência mineira, baiana, carioca
Idiota, infame, infantil, fragilizado

Frágil, fadiga, cansaço, preguiça, Macunaíma
Cocaína, hum... citosina
Biologia, Ana Maria, Mariana, hum... Manuel
Mário, Carlos, Raimundo, solução, problema

- E aí, Dr. Freud, o que o senhor me diz?

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Créditos para D. Juliana (Jota, como ela mesmo prefere) que me deu a palavra de início, verde

Genial! Ou não... (2ª edição)

Decidi tornar essa parte da coluna um "best of" dos meus fluxos de consciência da semana, além de recomendações em geral:
Mas primeiro, a frase da semana (que não foi dita essa semana, mas não tem problema):
"Behead those who say Islam is a violent religion" – Cortem as cabeças de quem diz que o islamismo é uma religião violenta. (Cartaz de um manifesto islâmico na Grã-Bretanha)

Me senti inspirada para escrever, nessa parte, algo sobre meu livro de leitura atual (pelo menos um dos), o polêmico Deus, um Delírio, de Richard Dawkins. Por mais que tudo que o Dawkins fala faça algum sentido lógico, não consigo pensar que a ciência tem algum tipo de direito de intervir na religião (ou vice-versa, já que também não aprovo a religião contendo a ciência). Minha posição sobre isso: agnosticismo permanente, que Dawkins faz questão de insultar no subtítulo: "a pobreza do agnosticismo", usando como justificativa a assimetria das probabilidades da existência e não-existência de Deus. Não aprovo muito esse argumento e a radicalidade de Dawkins, mas pelo menos, tem uma coerência e exibe seu ponto com uma clareza inacreditável.
Algo que também jamais hei de concordar é sua vontade inexplicável de desafiar religiosos em geral. Fé não é algo questionável, é pessoal e intrasferível, além de não ser racional de forma alguma. Lembro sempre do meu tio, um matemático incrivelmente racional, falando: "é quase romântico uma pessoa achar que vai mudar a outra". Não poderia concordar mais com ele, o que me faz desaprovar a postura de Dawkins por definição.
Mas, enfim, um dia escrevo mais sobre isso, já me estendi muito, desculpem.

A minha primeira recomendação é do livro dele mesmo e só é recomendada a pessoas tolerantes a brincadeiras com religião. Por favor, não ouse entrar se esse não for o caso e também note que esse não é meu ponto de vista nem o de ninguém aqui, são apenas piadas ateístas: http://www.godlessgeeks.com/LINKS/Humor.html

A segunda é mais neutra, mais profunda e mais perto. E tem rimas. Sim, é um poema dos nossos associados do Psicodelia, "O Homem das Palavras", de Antonio Carlos Vilela.

A terceira é também neutra, bem humorada e satírica, do site The Onion, uma paródia incrivelmente bem feita de um jornal, com notícias absolutamente surreais. Pra quem quer fazer um test-drive, recomendo essa daqui: http://www.theonion.com/content/node/30767

Até semana que vem!