quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

"De contemptu mundi"

Foto: Lucas O. Mourão( Dia chuvoso de novembro)


“De contemptu mundi”

Os tempos são outros, os sorrisos os mesmos
Nos rostos das crianças que caminham pelo bairro
-Eu envelheci,
-Todos nós...
Mas tantos outros nasceram, apesar dos que se foram
A pobreza é a mesma:
Os meninos de rua cresceram,
Mas as barrigas não pararam de parir
De modo que, após tanto tempo
Esses miseráveis na verdade ainda são os mesmos
Direita, esquerda,direita, esquerda
Os governos mudam,
A burocracia, sempre a especialidade da casa
Até as velhinhas que caminham nas praças aos domingos,
Parecem ser as mesmas!
Uma reforma aqui, outra ali, mais uns barracos na favela, mais uns terrenos ilegais nas mansões...
Mas a cidade ainda é a mesma
Depois de tanto tempo...tantas preocupações, alegrias e desgraças
É como se tudo acontecesse ainda pela primeira vez
Em cada vida uma história
Quase sempre aprisionada,muda até seu fim...
Como se a razão de existir fosse dar fim à desgraça da vida...
Talvez as coisas ainda sejam as mesmas na sua essência
Já que o homem ainda é espécie dominante
Num Mundo tão vasto, tantas histórias,
Tão pobres memórias...
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Lucas O. Mourão

Tempestade em Copo D'água

Benção, Afrodite de nós, mortais!
Pausa o mundo apenas com um piscar
Num segundo, a mente atingiu o jamais
Não quero, não posso, não devo contar

Ironia de todos os verões
Relinche, brabo, centauro orgulhoso
Corra, bem veloz pelas estações
E mantenha-se assim, bicho teimoso

De fascínio, tornaram-se rocha
O cintilar verde é hipnotizante
Sorris, e das estátuas debocha

Do triste sonho, vejo-me acordar
Santo pensamento cicatrizante!
Enfim, uma flor para desabrochar
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O terceiro soneto, que batizei alternativamente de "Homenagem exacerbada", mas achei o título atual mais apropriado.

Prisão

O mundo parou nessa sala dura
O céu foi reconstruído em pedra escura
Crispo as mãos no ferro, em revolta
Suspiro da esperança sem escolta

A gota eterna não traz o sono
Sanidade dá o sinal do abandono
Escorre cruel nas temporâs frias
Universo confinado em vistas vazias

Anseiada liberdade, jamais!
Liberdade, somente o vento traz!
Vento? O que seria um vento?
Uma palavra apagada num momento

Grilhões cruéis, correntes malditas
Oh, a dor de punições infinitas!
No mundo de sombras, degradarei
Consciente da amargura que causei

Genial! Ou não... (5ª edição)

Olá, meus caros!
Minha humilde coluninha semanal diminui em P.G. nas férias por causa do meu eterno pecado capital – queria pedir desculpas por isso. Queria também apontar que o Hipóbole, durante nossas férias, funcionará como postagem semi-livre, só voltando ao seu funcionamento normal em Março de 2008, quando voltaremos todos às nossas rotinas (ou teremos rotinas novas, como é o caso da maioria). Postagem semi-livre significa que o colunista pode postar fora do dia ou não postar, mas nada de postar mais vezes na semana (como se isso fosse realmente acontecer =P).
Aliás, extremamente IMPORTANTE: ontem foi o aniversário da nossa literata de plantão – alguém lembrou de envergonhá-la bastante? Obviamente, minha reflexão semanal (inútil) será sobre isso.

Acho que a Ingrid nunca teve muito jeito – é um caso perdido desde que a conheci. Aliás, na verdade, a melhor definição pra ela é: um bicho estranho, que se alimenta de livros – e como come! – e pó de garaná com medicina. É uma garota orgulhosa, daquelas que teima, bufa, bate o pé quando acha que tem que; fala português corretíssimo, inclusive pronunciando bem o duplo r e vogais inúteis, como o U de louca; vicia todo mundo em Drummond; escreve divinamente – não que isso seja novidade.
Ingrid pode ser comparada a um porco-espinho de vez em quando – na verdade, quase sempre. Ela tem essa armadura permanente, um disfarce bem eficiente pros sentimentos, mas mostra a sua nobreza inabalável quando é preciso e o coração enorme. Acho que sempre contarei essa história quando for falar o quanto gosto dela, mas foi a garota que cruzou a chuva torrencial no sábado do meu aniversário, demorando 2 horas para chegar no local. Sou um tanto blaze perante a tudo, mas isso me comoveu de tal forma que grudou no meu coração. Do lado dessa garota.
Ingrid, espero tudo de melhor pra ti, com a maior sinceridade. Espero que saibas que me ponho de vassala diante de qualquer problema. Por fim, ao lembrar de ti, lembro-me sempre da frase da minha mãe quando te conheceu: "Essa menina vai longe – que garra!". Ela tem toda razão.

Recomendação da Semana
Pachebel Rant:
Nossa, esse vídeo fez minha semana. Achei GENIAL! Basicamente um comediante reclamando como é ruim tocar o Canon em D de Johann Pachelbel no Cello, mas simplesmente sensacional!

(Clarissa, querida, obrigada por me passar algo tão divertido – gostei tanto que resolvi repartir aqui no Hipóbole. Espero que não se incomodes. E por favor, sinta-se bem vinda para escrever qualquer parágrafo aqui pro blog (isso vale pra ti também, srta. Juliana))

Resolvi mudar a coluna (sim!) e mudar de frase da semana para música da semana. A bola da vez é, com toda certeza, "The Escapist", da minha eterna banda favorita Nightwish, que agora trocou a cantora e voltou com seu sexto álbum – o mais caro em toda história da Finlândia – Dark Passion Play. Eu, como qualquer fã chata, estou odiando e esperneando pela volta da Tarja. A esperança é a última que morre, não?
Aliás, falando em Finlândia e abastacendo-te de cultura inútil diária, hoje é dia de independência da Finlândia. Então, prepare seu CD do Sibelius e comemore com uma sauna!

Até próxima semana, espero!