quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Soneto à uma gauche

Brilhas dentro da rotina do turbilhão

Diferente, incompatível, inconcebível

Ainda sim, singular e indescritível

Um tipo heptafacetado de perfeição



Vê-se os rótulos que lhe aprisionam, eternos

Vê-se as máscaras firmemente fincadas

O rosto jovem imune a abalos externos

E o coração amargo imune a flechadas



Por um instante, a guarda jaz abaixada

A luz cruel confronta tua transparência

E surge a faísca da autenticidade



Mas vá agora e viva descompromissada!

Porque teus olhos afirmam com veemência:

És só uma criança que busca a verdade

Tons de Cinza

Uma manhã de dia nublado:

'Olha o tempo fechado'

'Nossa, verdade, está feio!'

Pausei e pus-me em devaneio



Lembrei-me do céu anil

Simples

Uniforme

Monótono

Sorri 'Viva as nuances, viva a diversidade'

Genial! Ou não... (3ª edição)

Olha só, mais uma semana que passa (hum, acho que já ouvi isso em algum lugar...) e o blog está ficando cada vez mais divertido, destaque para o texto do nosso colunista convidado, João Bernardo, e os últimos posts de Vitor Okendo. Já eu não seguirei a linha e postarei dois poemas enfadonhos e sérios. Blergh, como eu sou monótona.
Já que ninguém falou nada, cabe a mim apresentar nosso motto: "Nil est dictus facilius", literalmente "Nada é mais fácil que falar". Achamos que combinava, o que vocês achavam?
Amanhã, nossa colunista de sexta-feira, Luísa Tolhuizen, vai fazer sua estréia e estamos todos ansiosos para ler algo dela. Por favor, sejam bonzinhos e não assustem a menina. Nha, tudo bem, esquece, façam o que quiser.

Como sempre, meu vômito intelectual semanal (olha aí tua expressão favorita, Marco) inclui a frase da semana, recomendações e uma breve troca de idéias sobre algo, para quando vocês tiverem um tempo de ócio pra matar.

Nossa, entrei no Google ontem e me deparei com mais um daqueles logos de feriados (o de Halloween) e pensei o que sempre penso 'Que coisa legal'. Aliás, a Google tem uma boa coleção de logos comemorativos que eu particularmente acho maravilhosa, com datas incluindo o aniversário do Munch (12 de dezembro), do meu para sempre amado Sir Arthur Conan Doyle (que, previsivelmente, é tão geminiano quanto eu; 22 de maio) e do Louis Braille (4 de janeiro).
Aliás, falando em Conan Doyle, acho justo eu, uma pessoa que já leu toda coleção do investigador da 221B, Baker Street, escrever algo sobre os livros.
Primeiro de tudo, espero que ninguém vá me dizer que o Poirot ou a Miss Marple, por mais que eu goste dela, é melhor que o Holmes. Não consigo imaginar nenhum dos dois solucionando casos como O Cão dos Baskervilles ou Um Estudo em Vermelho ou mesmo Signo dos Quatro.
Todos são romances policiais lindos, de tirar o chapéu. Mas Doyle também tem contos menores que são simplesmente emocionantes, como A Faixa Manchada ou O Pé-Do-Diabo.
Aliás, o livro que reúne essas crônicas que tenho é quase épico. Comprei-o num sebo por 3 libras – é um livro extremamente bem tratado, de capa dura, que ao olhar descuidado, parecerá uma enciclopédia parruda. As letras douradas descrevem "Great Works of Sir Arthur Conan Doyle", junto com uns floreios que margeam a escrita. Ao ser aberto, o livro mostra suas páginas ocreadas e exala aquele cheiro característico da antigüidade. Estou até começando a achar que ele merece um poema. Mas chega, já me estendi demais.

Frase da semana:
"Qual é hoje," perguntei "cocaína ou morfina?" Ele desviou languidamente os olhos do velho volume preto que tinha aberto.
"É cocaína" disse "Uma soluçao de sete por-cento. Quer um pouco?"
(Sherlock Holmes, O Signo dos Quatro; frase original em http://en.wikiquote.org/wiki/Sherlock_Holmes, abaixo de Sign of Four)

Recomendações:

Bom, minha primeira é tão específica quanto a prova de Matemática que faço hoje. Aproveite o tempo e depois de ler a verdade dominical, i.e. a coluna do Marco, para pegar a Revista de domingo do jornal O Globo e ler a coluna da Martha Medeiros. Aliás, quero declarar publicamente minha paixão pela escrita dessa mulher, porque ela é simplesmente genial.

A outra dá menos trabalho, porque é daqui mesmo: o texto "A Quase-Galinha", de Lucas O. Mourão que, apesar de não ser metáfora nem fábula, é uma leitura agradável, descontraída e de uma certa forma provocativa: http://hipoboleconjugada.blogspot.com/2007/10/quase-galinha.html

A última da semana é para pessoas como eu, que não tem nada para fazer e são tirinhas! Sim, as últimas cinco tirinhas do Garfield estão geniais e homenageando o Halloween de ontem, então, divirtam-se:
http://www.garfield.com/comics/comics_archives_strip.html?2007-ga071030
Aliás, o site do Garfield em si é divertido, então aproveitem pra dar uma volta.

Até a próxima semana!