Diplomata em início de carreira, havia sido escalado para sua primeira representação em um consulado de relativa importância, o de Roterdã. Logo após a apresentação de credenciais, foi convidado a dar uma entrevista a um dos mais importantes jornais da cidade, como o definiu a representante do periódico. Talvez por inexperiência, talvez na tentativa de mostrar polidez, logo aceitou, sendo marcado o encontro para o dia seguinte em seu escritório.
Perguntou-se o porquê de um jornal de renome demonstrar interesse em um terceiro-secretário recém-chegado ao país. Uma rápida pesquisa, no entanto, teria o feito descobrir a fama de menos escrupuloso tablóide do país que aquele possuía. Já os editores do folhetim, não se importavam com o fato de não ser importante o entrevistado. “Apresentaremos ele como cônsul brasileiro. Vocês sabem que diplomata é sempre visto como importante; e nossos leitores adoram matérias sobre países como o Brasil” foi o argumento utilizado pela idealizadora da matéria para garantir que fosse aprovada.
Na data marcada, chegou a repórter à casa do brasileiro, com um atraso de quarenta minutos. “Não estou na Suíça ou na Inglaterra, era de se esperar...”, pensou. Estranhou, é verdade, o rosto amassado de quem levanta da cama e a maneira largada de se vestir da jovem repórter, “mas e daí? Jornalistas são assim mesmo, e os holandeses são famosos por serem liberais”. Aperto de mãos, bloco em punho, máquina gravando. Poderia ter início a entrevista.
Seguiu-se uma série de perguntas a respeito do país do entrevistado. As praias, o futebol, a caipirinha, o povo, as mulheres, enfim, vários eram os assuntos, mesmo que nenhum diretamente relacionado a política internacional. Questionou-se sobre a razão de tudo aquilo, afinal não poderia falar sobre os planos do Brasil para a região ou apresentar o festival de cultura brasileira que viria a ocorrer na semana seguinte.
Em seguida, houve perguntas sobre a prática da diplomacia. Não que fossem relevantes, ou ao menos interessantes; na verdade pareciam ser feitas para a coluna social. Mas, pensando bem, não tratavam de estereótipos de seu país-natal. A certa altura defrontou-se com uma pergunta que mudaria a história daquela entrevista.
-Senhor cônsul-ela insistia em chamá-lo assim -como você lida com aqueles diplomatas que insistem em gastar seu tempo com intermináveis conversas?
-Interessante pergunta... Quando a fizeram a Bismarck, ele disse que pedia a um funcionário que interrompesse dizendo que sua mulher tinha algo importante a dizer.
“Uma boa resposta”, orgulhou-se. E ainda deu-lhe uma idéia. A isso procederam diversas perguntas sobre os Países Baixos. Deveria ter melhor se preparado antes de assumir o cargo. De qualquer maneira, não havia como estar preparado para a pergunta seguinte, que viria a ser a última.
-O que o senhor acha sobre os famosos prostíbulos holandeses?
-Há prostíbulos por aqui?- perguntou assustado.
Tão desagradável situação viria a ser interrompida por uma secretária do consulado, que vinha lembrar de uma importante reunião. Incomodada pela repentina interrupção, a jornalista se despediu com a sensação de que havia sido enganada.No dia seguinte, todas as bancas de jornal holandesas avisavam aos que passavam, em letras garrafais: RECÉM-CHEGADO, CÔNSUL BRASILEIRO PERGUNTA SOBRE OS PROSTÍBULOS HOLANDESES.
Perguntou-se o porquê de um jornal de renome demonstrar interesse em um terceiro-secretário recém-chegado ao país. Uma rápida pesquisa, no entanto, teria o feito descobrir a fama de menos escrupuloso tablóide do país que aquele possuía. Já os editores do folhetim, não se importavam com o fato de não ser importante o entrevistado. “Apresentaremos ele como cônsul brasileiro. Vocês sabem que diplomata é sempre visto como importante; e nossos leitores adoram matérias sobre países como o Brasil” foi o argumento utilizado pela idealizadora da matéria para garantir que fosse aprovada.
Na data marcada, chegou a repórter à casa do brasileiro, com um atraso de quarenta minutos. “Não estou na Suíça ou na Inglaterra, era de se esperar...”, pensou. Estranhou, é verdade, o rosto amassado de quem levanta da cama e a maneira largada de se vestir da jovem repórter, “mas e daí? Jornalistas são assim mesmo, e os holandeses são famosos por serem liberais”. Aperto de mãos, bloco em punho, máquina gravando. Poderia ter início a entrevista.
Seguiu-se uma série de perguntas a respeito do país do entrevistado. As praias, o futebol, a caipirinha, o povo, as mulheres, enfim, vários eram os assuntos, mesmo que nenhum diretamente relacionado a política internacional. Questionou-se sobre a razão de tudo aquilo, afinal não poderia falar sobre os planos do Brasil para a região ou apresentar o festival de cultura brasileira que viria a ocorrer na semana seguinte.
Em seguida, houve perguntas sobre a prática da diplomacia. Não que fossem relevantes, ou ao menos interessantes; na verdade pareciam ser feitas para a coluna social. Mas, pensando bem, não tratavam de estereótipos de seu país-natal. A certa altura defrontou-se com uma pergunta que mudaria a história daquela entrevista.
-Senhor cônsul-ela insistia em chamá-lo assim -como você lida com aqueles diplomatas que insistem em gastar seu tempo com intermináveis conversas?
-Interessante pergunta... Quando a fizeram a Bismarck, ele disse que pedia a um funcionário que interrompesse dizendo que sua mulher tinha algo importante a dizer.
“Uma boa resposta”, orgulhou-se. E ainda deu-lhe uma idéia. A isso procederam diversas perguntas sobre os Países Baixos. Deveria ter melhor se preparado antes de assumir o cargo. De qualquer maneira, não havia como estar preparado para a pergunta seguinte, que viria a ser a última.
-O que o senhor acha sobre os famosos prostíbulos holandeses?
-Há prostíbulos por aqui?- perguntou assustado.
Tão desagradável situação viria a ser interrompida por uma secretária do consulado, que vinha lembrar de uma importante reunião. Incomodada pela repentina interrupção, a jornalista se despediu com a sensação de que havia sido enganada.No dia seguinte, todas as bancas de jornal holandesas avisavam aos que passavam, em letras garrafais: RECÉM-CHEGADO, CÔNSUL BRASILEIRO PERGUNTA SOBRE OS PROSTÍBULOS HOLANDESES.
9 comentários:
É...acho que isso deve ser mais comum do que eu posso imaginar: estrangeiros com preconceitos sobre o Brasil e tabloidistas sensacionalistas,dispostos a manipular fatos...
muito bom texto!
Sensacionalismo! Exatamente o que está faltando nesse blog ^^
Muito bom, Marco
Muito foda hauhauahua.
Já temos o sensacionalismo, agora faltam as fofocas...
Ei!
Muito bom, mas é fato que a fórmula mágica de samba, bunda e carnaval só tem nos dado ressaca moral como nação...
Lamentável.
Abraço!
olá, obrigada pela visita, e pode linkar, depois volto pra olhar tudo aqui com mais calma.
bjo
Por que as pessoas pensam que no Brasil só tem carnaval, pagode e jacaré na Praça Mauá?
é... a fama brasileira está ultrapassando oceanos!!
que merda heim!!
mas, fazer o que né... imagina só se ela pegar pra entrevistar uma pessoal comum.. da até medo de imaginar o que colocaria no jornaleco!!
mas tá dia boa, gostei do blog... interessante a proposta sensacionalista de vocês!!
continuem assim!!
e pode linkar meu blog aí pois coloco o link de vocÊs no meu blog após esse comentário!!
obrigado pela visita, e espero por mais visitas e comentários, pois através dos comentários posso ir melhorando!!
boa semanaa!!
A gente tem uma proposta sensacionalista? Desde quando?
Ah, no fundo, no fundo todo mundo tem...
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