quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Libertinajens, verbos intransitivos e outras coisas modernas (demais para mim)

Não se iluda! Esse texto não fala sobre semanas no ano de 22 ou porquinhos-da-índia como primeira namorada – salvo casos extremos. Ele tem mais a ver com o número 37, Maria Quitéria e minha descoberta, em plena adolescência, da minha própria caretice.
Mas Taine me obriga a, antes de entrar na parte que interessa – leia-se orjias – fazer o reconhecimento do nosso cenário: Maria Quitéria, pós Visconde de Pirajá. O quarteirão do bar propriamente dito é um conflito ideológico constante, quase uma guerra fria permanente. Mas ninguém realmente se importa com isso (de fato, nem eu): as pessoas simplesmente escolhem seu favorito e tomam seus chopps, ignorando o comportamento alheio – exatamente como deveria ser.
Caminhando a favor do vento, sem lenço sem documento, atravessa-se a Vieira Souto e chega-se no quiosque, habitat natural dos sujeitos dessa crônica: um lugar simplório, com cadeiras de plástico vermelhas que ninguém realmente usa e cerveja Itaipava. Nada mais a declarar.

“João amava Teresa, que amava Raimundo... “. Mal sabia Drummond como seu poema estava equivocado. Proponho duas versões alternativas:
João amava Teresa, Maria, Lili...
João amava.
E olha aí! Esbarramos em outro Andrade – o Mário (alguém quer fazer uma piada aqui?).
Mas o nativo emporiano é assim, livre, ou melhor, libertino. Para não perder o caráter de estudo, fui procurar no Houaiss a definição formal dessa autodenominação do emporiano. Não me surpreendi com o resultado:
li.ber.ti.no (adj.) 1. aquele que leva a vida dissoluta, que se entrega imoderadamente aos prazeres do sexo.
Diante disso, nem me dei o trabalho de olhar outras definições.

Com o superego diluído em etanol, a visão turva e a sexalegria atinge o pico. As restrições foram pro buraco. O byronismo predomina – sem a parte do suicídio, é claro. O mundo gira e as pessoas vão rodando. E a noite é uma criança...

Quer um exemplo pratico e denotativo? Imagine-se afim de uma menina. Não há nenhuma necessidade de ser amigo do rei para conquistá-la, mas não espere exclusividade. Aliás, esqueça monogamia. E definição de sexualidade. Libertino que se preza é puro-sangue*, bravo, forte e filho da Morte. Se os problemas de combinatória fossem no Empório, além de ficarem mais “irados”, dariam números bem maiores.

O relógio devasso já não serve mais: os ponteiros multiplicaram-se numa alucinação cambaleante. As memórias vêm à tona como monstros e o senso de realidade bate: “mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução”. Mas a vida continua, aos trancos, barrancos e noitadas: felizmente existe o álcool.
__________________________
*puro-sangue: completamente livre de rótulos sexuais

9 comentários:

Marco Sá disse...

Fiquei em dúvida sobre onde comentar, então comentei aqui mesmo que é o texto principal.
Parabéns pelo texto! Um tanto cheio de piadas internas, mas a maioria das pessoas que ler vai entender mesmo... E boas as referências. Tomara que você continue escrevendo textos como esse!
Vida longa ao hipóbole!

Anônimo disse...

Ei, você sabe que libertinagem se escreve com g, né?
Por que você escreveu com J??
Mais cuidado da próxima vez...

Vitor Okendo (Terça) disse...

Vida longa aos Neo-libertinos!

José disse...

Beem. Comentário 1:
- Não sei se a pessoa anônima escreveu aquilo por querer, mas deixe-mos pra lá.

comentário 2:
- O texto está MUITO bom, hahahahaha me rendeu altas risadas e báh. :D
muito bom o resultado final

comentário 3:
Apoio o okendo Vida longa aos neo-libretinos [2]

e vida longa a hipóbele :D
beijos e abraços

Me chamo Sapo (Lucas Mourão), disse...

Agora fiquei curioso: p "j"foi de propósito?Como alguém que você conhece diria: "Não importa o que o autor quis dizer, e sim o que está escrito!"XDAchei o texto bom: coeso,com progressão temática.Mas não achei própria a colocação de "sou bravo sou forte sou filho da Morte"(talvez por que seja uma das minhas preferidas, e eu tenha uma imagem muito "idealizada" dela)
Vida longa ao hipobole, e que "a força esteja com você"!

Anônimo disse...

Pra começar, achei chato.
Depois, acho que vc quebrou o clima da parada com aquela apresentação, pois parece que o texto vai ser bom e acaba não sendo.
E ainda: sem sentido algum -> perdi meu tempo!

Anônimo disse...

Finalmente uma inferência pernóica que realmente é pernóica, essa de cima.

Alice Ayres disse...

Achei válido.

( Não, eu não vou fazer um comentário inteligent e conotativo )

Pedro_Salgado disse...

Eu não entendi porra nenhuma.